domingo, 31 de outubro de 2010

ARTE DE EVGEN BAVCAR, O FOTÓGRAFO CEGO


Nietzsche que morreu louco, mas não condicionado  e normatizado,  dizia que     "para conquistar algo  que valha a pena o homem deve superar a si mesmo".   EVGEN BAVCAR corporifica esta idéia,  pois se fosse seguir a ordem  natural do senso comum teria abandonado  seu desejo  infantil de   ser fotógrafo quando  aos 13 anos perdeu totalmente a visão.   Mas não! Ele fez exatamente o contrário:  persistiu no seu sonho.  Penso como Leminski que somente os sonhos não sonhados nos serão cobrados na eternidade.  O mundo da resignação e acomodação não é o mundo de Bavcar, sua visão expande os limites  de nossa materialidade espacial. Ele nos fala de coisas que vão além das nossos possibilidades de enxergar. Algo do seu  universo inconsciente, da sua singularidade.    Faz- nos pensar que o mais difícil  não é lutar contra os limites impostos pela realidade concreta, mas sim, contra  as grades que erigimos dentro de nós mesmos.  Uma prisão sem grandes  que nos impossibilita de ser o que somos, tão fadados que  estamos a realidade do  "outro" ,  do mundo , da sociedade, da norma, da regra, do determinismo. 


Felipe André Aço

Um comentário:

  1. É curioso que relaciones o universo inconsciente à singularidade do Ser, à singularidade de Ser. Quando é justamente o inconsciente (coletivo) o lugar de encontro com o todo, o que não é singular mas comum à humanidade.

    Mas é também desse encontro, deste estar-aí revisitado e experimentado, que se vai progressivamente conquistando, que a mulher ou o homem vê-se desafiado a descobrir seu 'mito pessoal' (Jung) com toda a força do 'daimon', como parece ter acontecido com Evgen Bavcar.

    E já que falas em Nietzche, e eu falei em 'daimon', deixo aqui mais um aporte; é fundamental contribuir para a vida 'normalizada', a sociedade, a família, a vida do dia a dia. Fornece`o contraponto necessário para manter o equilibrio e a consciência nessa tremenda experiência que é a viagem em busca de si mesmo. E a palavra chave aqui é consciência(no processo) para não acabar como Nietzsche.
    (Ou não fosse eu - também - herdeira de uma centelhazinha de Jung...)

    Mas é verdade, umas grades invisíveis...

    Parabéns pelo blog. Gostei. 'Está bom de ver' que virei cá muitas vezes, apesar de viver do outro lado do oceano.

    da mana
    ana cristina aço

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